Friday, June 3, 2016

CRÍTICA: Race: 10 Segundos de Liberdade, de Stephen Hopkins

Jesse Owens, o homem, as pernas e as quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1936. Naturalmente, o trocadilho do título, que tanto significa corrida e raça. O que nos leva directamente à informação pré-créditos finais: por ser negro, de nada lhe valeram os recordes, teve de entrar pelos fundos numa gala em sua honra e passou anos no desemprego e em empregos de limpeza. O reconhecimento do Congresso chegou postumamente, em 1990. O filme estreia oitenta anos depois dos Jogos Olímpicos de 1936.
O realizador de Pesadelo em Elm Street V (1989) e Predador 2 (1990) perdeu a estrela em Perdidos no Espaço (1998), mas tem trabalhado na televisão (24, Californication, House of Lies) e este não é o seu primeiro biopic, elogiado em 2004 por Eu, Peter Sellers. Race é eficiente e discreto rápido, mas leva suficiente água ao moinho. Stephan James ficou com o papel principal depois de John Boyega ter trocado as sapatilhas pelo uniforme de Stormtrooper (Star Wars: A Força Desperta, 2015) e uma coisa vos digo, teria preferido Stephan James em ambos filmes. Nota-se o esforço de Jason Sudeikis no seu primeiro papel semi-sério e, sem dificuldades de maior, acessoriam-nos Jeremy Irons, William Hurt e Carice van Houten.
A estrear durante a campanha presidencial norte-americana de 2016, é imediato o paralelismo entre o comportamento de Avery Brundage (Jeremy Irons) e o que pode esperar-se de uma presidência de Donald Trump. Apesar da fortuna adquirida na área da construção civil, Avery, agindo em nome da Federação Desportiva Americana, não hesitou em vender os seus princípios morais e comprometer os compatriotas judeus perante a oferta de um projecto profissional, colaborando com os nazis para evitar a presença na competição de atletas etnicamente incómodos. Foi, consequentemente, presidente do Conselho Olímpico Internacional, de 1952 a 1975. Trump, também, dada a menor  possibilidade de ganho pessoal, ignorará as necessidades do seu eleitorado, porque as oportunidades não se perdem e cada um por si. É que um empresário que explora os seus empregados será um funcionário público que explora os seus constituintes. 
Race 2016

1 comment:

  1. Um filme simplesmente perfeito. Quando leio que um filme será baseado em fatos reais, automaticamente chama a minha atenção, adoro ver como os adaptam para a tela grande. Particularmente Raça , adorei este filme. A história é impactante, sempre falei que a realidade supera a ficção.

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