História epilética e hiperbólica sobre os excessos de um grupo de personagens grosseiras, irritantes e antipáticas, durante a transição do cinema mudo para o falado, numa pretensa sátira ao circuito de estúdios de Hollywood onde reina o stress e rareia o humor. Pretensioso quando se julga importante, asqueroso quando se julga cruel, ao desespero responde-se com um comic relief que consiste na morte violenta de secundários e figurantes. Em vez de bombástico e emocionante como os antigos filmes de Emir Kusturika que parece querer emular até na banda sonora, falha na paródia, na honestidade e na sensibilidade. A cada dez minutos, é preciso reprimir a vontade de abandonar a exibição.
A maré de sucessos de Damien Chazelle (Whiplash, 2014, e La La Land, 2016) já tinha sido interrompida com O Primeiro Homem na Lua (2018), mas esse era um filme de qualidade indesmentível que apenas não encontrou uma bolsa de público suficiente para a sua ambição, enquanto que Babylon (2022) não faz nada por merecer o respeito de um único espectador. Quanto a Margot Robbie, se conseguiu manter-se na espuma a fazer pouco mais do que dançar e sorrir em Era Uma Vez em Hollywood (2019), aqui não foi capaz de repetir a proeza e a queda é dolorosa. Não basta querer para ser e, no caso de Babylon (2022), nem é claro o que queria ser.
Babylon 2022
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