Sunday, November 24, 2024

CRÍTICA: A Quiet Day: Day One, de Michael Sarnowski

A segunda longa metragem de Michael Sarnowski encontra-se nos antípodas do seu filme original, Pig (2021). É uma pena que este promissor realizador-argumentista tenha aceite assinar a terceira parte de uma saga que esgotou as suas potencialidades no primeiro tomo. A Quiet Day é sobre um planeta Terra invadido por extraterrestres comedores de humanos que se destacam pela velocidade e guiarem-se pelo som. Depois de todos os humanos barulhentos terem sido mortos, os poucos que restam tentam sobreviver silenciosamente. Como gostaríamos que todos os nossos vizinhos fizessem.

O segundo filme já tinha um flashback ao primeiro dia, o dia da invasão, no qual os extraterrestres chegavam à Terra como cometas ou meteoritos e rapidamente semeavam o caos numa pequena localidade. No terceiro filme, repete-se a dose, agora em Nova Iorque, sem qualquer novidade. Os monstros continuam a ser criaturas desfocadas que aparecem de repente e cuja única motivação é matar humanos, o seu design é extremamente preguiçoso e não tem graça nenhuma olhar para elas, nas suas curtas e aborrecidas aparições. Mas, os humanos não são melhores. Agora, a protagonista é uma doente cancerosa que está tão determinada a comer uma pizza da famosa pizzaria Patsy's no Harlem que dois dias depois da população de Nova Iorque ter sido dizimada por monstros imparáveis que atiram carros pelo ar, provocam explosões e matam todos os que encontram pelo caminho, ainda acha que o restaurante está a funcionar. Pelo meio, encontra um estudante de Direito que quer muito ser amigo dela e o tempo inteiro tem a companhia de um gato que engoliu um GPS, tal é a sua capacidade de dar com os dois humanos que lhe interessam numa vasta e devastada metrópole abatida pela maior aridez de ideias narrativas.

Quando Jeff Nichols se desligou do projeto para dedicar-se a outro filme mais interessante, John Krasinki (realizador e co-argumentista dos dois primeiros) pediu a Michael Sarnowski que o substituísse, mas o novo realizador, que diz ter-se inspirado em Os Filhos do Homem (2006) de Alfonso Cuáron, apenas oferece personagens passivos numa história que lhes passa ao lado e que termina num sacrifício sem satisfação. Não se sabe absolutamente mais nada sobre as criaturas ou a invasão do que nos filmes anteriores. É apenas mais uma historinha passada durante a mesma invasão extraterrestre, sem a mais ínfima capacidade de criar emoção ou ligação entre a plateia e os personagens. Uma oportunidade perdida.

Lupita Nyong'o é a protagonista, tendo perdido uns quilos, ultrapassado o medo de gatos para o papel e contribuindo apenas com uma personalidade antipática que não faz favores ao filme, Djimon Hounsou é um actor que merecia ter uma carreira tão famosa como a de Denzel Washington mas continua a ser alimentado com restos (Hounsou é o único a fazer a ponte entre este A Quiet Day: Day One e A Quiet Day 2, onde também tinha um pequeno papel), Alex Wolff já não era um estreante quando entrou em Pig (o filme de estreia de Sarnowski), mas toda a gente vai achar que o realizador o contratou por gostar dele, e Joseph Quinn saiu daqui para Gladiador II (2024), mas não foi por deixar grande marca. Os efeitos visuais podiam ter salvo alguma coisa, mas são da linha de montagem económica. Nada se aproveita.

A Quiet Day: Day One 2024

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