Saturday, December 28, 2024

CRÍTICA: Borderlands, de Eli Roth

Mistura de Tank Girl (1995), Wild Wild West (1999) e Furiosa (2024), Borderlands (2024) tem assinatura de Eli Roth, mas nem se dá por isso, o que nem chega a ser bom nem mau, ao contrário do filme, que é definitivamente mau, mas podia ter sido péssimo, o que não se sabe se se deveu ao leme do realizador ou não. Isto porque Borderlands se baseia num jogo de computador de tiroteios num deserto retro-futurista, tem uma narrativa para crianças e começou a mexer em 2015, tendo passado as passas do Algarve de vários realizadores e argumentistas até ter sido rodado durante o Covid-19, mas o investimento fez chorar tantos executivos que rapidamente deram luz verde a refilmagens pela câmara de outro realizador (Tim Miller), com o fio condutor a exigir a intervenção de novo argumentista e um anterior à chegada de Eli Roth a renegar o seu envolvimento e a exigir a remoção do seu nome da ficha técnica. Portanto, passaram-se três anos entre a rodagem inicial e a estreia, o que é sempre um bom presságio.

Que é mau já se disse acima (a última frase era irónica), por isso refira-se o elenco com Cate Blanchett à cabeça e respeitar que a actriz nunca envergonha os seus papeis, seja o que for que tiver de fazer ou dizer, o que neste caso nem é nada de especial, para além de ser uma caçadora de recompensas com destreza no gatilho e na língua. Kevin Hart, pelo contrário, só sabe representar um papel e aqui falta-lhe Dwayne Johnson para equilibrar, arranjaram-lhe outro sideckick alto e musculado, mas os grunhidos de Florian Munteanu, que nunca mostra a cara por trás de uma máscara de oxigénio, não o cumprimentam, o filho de Ivan Drago em Creed 2 (2018) também já não convencia em Shang Chi e a Lenda dos Dez Aneis (2021), em parte por causa da cara de coninhas, parece que a situação ficou parcialmente resolvida. A cara de Ariana Greenblatt já é um prazer de ver, a pirralha energética parece ter sido desenhada por Jamie Hewlett, que de certa forma já foi mencionado acima, resta Jamie Lee Curtis, que também faz de Jamie Lee Curtis, mas a sua personagem é secundária e ossuda e ninguém reclama. Os efeitos especiais são da linha de montagem, o ritmo ajuda a aguentar a narrativa imberbe e há ainda Jack Black a dar voz a um robot, porque o que é que isso podia estragar. Haley Bennett, para os que piscaram os olhos quando não deviam, faz de mãe de Cate Blanchett. Nas analepses, obviamente. E assim temos dois parágrafos consistentes para um filme que só merecia uma frase.

Borderlands 2024

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